O rastro

O rastro é visível, não só pelas carcaças de carros, tanques e entulhos

de prédios mas pelo clima no ar, energia inquietante.

Estava em um destes complexos residenciais na cidade de Irpin que foi fortemente atacada na tentativa Russa de invasão à capital Kyiv, lá conheci Olek , ele viu que eu estava andando pelos destroços e me chamou,

a primeira impressão foi:
“Eita, lá vem falar para não tirar foto”, mas estava errado.

Olek simplesmente olhou para mim e estendeu a mão e a outra no peito,

“vou lhe mostrar minha casa, me siga!”
Simplesmente assim, do nada, somente com a troca de energias dos nossos olhares e aperto de mão , sentimos que poderíamos confiar

um ao outro!
Eu, sem hesitar , fui!
Na entrada aparentemente sem danos, mas ao entrar no corredor térreo do prédio as paredes mostravam sinais de estilhaços, ao adentrar no apartamento de Olek , avistei sacos de batatas e outras legumes no chão, sem energia, sem aquecimento, completamente vulnerável
As paredes que dividiam a sala já não existia e as janelas cobertas com papelão e cobertores velhos , pois haviam sido arrancadas pelas golpes de ar das explosões. Olex também contou que um membro de sua família que vivia ali com ele morreu durante o ataque ( não consegui descobrir pq seu inglês era limitado) o restante da família havia o deixado para trás em busca de um lugar mais seguro!

Ao ir embora , Olek pediu “please help me”
Eu sem saber a reação, estarrecido com toda a situação, na hora botei a mão na carteira, Olek disso “ Não, dinheiro não, mostre as pessoas oque está acontecendo aqui, como estamos vivendo e enfrentando a tudo isso!

Esse tipo de coisa , só me dá mais certeza sobre meu caminho e meu lugar a conquistar no mundo!
Quero cada vez mais poder mostrar história de quem não pode conta las, mostrar situações, a vida em outras culturas , para aqueles que não podem sair!